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葡萄牙语故事:Os tres cabellos d'oiro do Diabo-1
日期:2024-04-18 14:51  点击:264
Era uma vez uma pobre mulherzinha que deu á luz um filho, e como elle tivesse nascido n'um folle, não tinha ainda visto a luz do dia, e já prediziam que aos quatorze annos casaria com a princeza. Pouco tempo depois appareceu na aldeia, vindo incognito, o rei, que, perguntando que novas havia, ouvira dizer:
 
—Não ha muitos dias nasceu um rapazinho n'um folle, o que indica vir a ser muito feliz, demais que já lhe auguraram casamento com a princeza, quando chegasse aos quatorze annos.{96}
 
O rei—que não tinha bom fundo—ficára agastado com a previdencia; pediu para lhe indicarem a morada dos paes do rapaz, para onde se dirigiu com sorrisos. Em seguida falou assim:
 
—Sois pobres, por isso peço que me confieis o rapaz, a quem arranjarei um bom futuro.
 
Os paes, a principio, recusaram similhante proposta; mas o desconhecido offereceu-lhes uma grossa maquia em ouro; lembrando-se elles da predicção de que, tendo nascido n'um folle, nada de mau lhe podia acontecer, resolveram acceitar, separando-se do filho.
 
Assim que d'alli saíu, o monarcha metteu o rapazinho n'uma caixa, que amarrou á sella do cavallo e continuou sua derrota. Não tardou a encontrar um ribeiro, com certa fundura, para onde atirou a caixa, exclamando:
 
—E assim livro minha filha de{97} casar com tão desgraçado pretendente!
 
Mas o mais curioso é que a caixa não naufragou, bem pelo contrario singrou o rio ao sabor da corrente como se fôra um barquinho, sem que uma só gotta d'agua lhe entrasse dentro. A caixa correu á tona d'agua a uma distancia de duas milhas da cidade; ahi encontrou um obstaculo: as rodas de um moinho, onde encalhou. Um moço de moleiro, que por casualidade se encontrava a curtos passos d'alli, viu-a e rebocou-a com uma fateixa, crente de que encontraria uma riqueza. Abriu-a, pressuroso, mas a riqueza appareceu-lhe na figura de um menino esperto e risonho. Levou-o aos amos que, como não tinham filhos, bem contentes ficaram com o achado, e disseram em côro:
 
—É Deus que nol-o envia!
 
Por conseguinte, tomaram-n'o á sua conta e educaram na practica{98} das boas acções o orphãosinho. Passados annos, o soberano, fugindo a um temporal, refugiou-se certa tarde em casa do moleiro, a quem perguntou se o rapaz que tinha alli era seu filho.
 
—Não—responderam o moleiro e a mulher.—É um menino abandonado, que ha quatorze annos veiu trazido pela corrente dentro d'uma caixa até á calha do moinho; o moço, que estava perto, puxou-a e trouxe-a para terra.
 
A estas declarações, o rei percebeu logo que o rapaz não podia ser outro senão o menino que nascêra n'um folle, e tanto que perguntou:
 
—Digam-me: este rapaz não podia ir fazer-me um recado, levar uma carta á rainha minha mulher? Dou-lhe duas moedas de ouro por este pequeno trabalho. 
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