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葡萄牙语故事:O violino maravilhoso-3
日期:2024-04-18 13:05  点击:304
—Foi com alguma arma que o gatuno te pôz assim?—perguntou a autoridade.
 
—Nada, não senhor. Agarrou-me e agatanhou-me. É ainda moço, e traz uma espingarda e um violino; com estes dados facilmente se conhece.
 
O magistrado pôz em campo os guardas, que depressa viram o indigitado marau, que muito tranquilamente se encaminhou para essa localidade. Deram-lhe voz de prisão e trouxeram-n'o ante o magistrado e o judeu, que repetiu a accusação.
 
—Não toquei n'essa creatura nem com um dedo—defendeu-se o rapaz—assim como não lhe tirei á força o dinheiro que elle trazia; offereceu-me da melhor vontade para que eu não tocasse mais no violino, cujos accordes o faziam nervoso!
 
—É mentira!—exclamou o rabino—Está a mentir impunemente!
 
—Está resolvida a questão?—ajuntou{28} o magistrado—pois é caso extraordinario um judeu dar de mão beijada uma bolsa com ouro, só por não ouvir um boccado de musica. Pois senhor: a sentença do seu mau acto está lavrada: vae ser enforcado immediatamente!
 
O verdugo—que se havia ido chamar, segurou o innocente moço, conduziu-o á forca, que já estava erguida na praça principal onde accorreu toda a cidade em pezo, e o rabino fôra o primeiro a mostrar-se fazendo menção de soccar o pobre condemnado, verberando:
 
—Marau, vaes ter a recompensa que te é devida!
 
O moço conservou-se muito tranquillo; subiu sosinho a escada appoiada á forca; ao chegar ao topo, virou-se para o juiz já togado, que viera vistoriar o patibulo e solicitou-lhe:
 
—Antes de ter o nó na garganta, concede-me um derradeiro favor?{29}
 
—Concedo—respondeu o magistrado—desde o momento em que não seja o perdão!
 
—Nada d'isso é, pois não sou tão exigente... desejava apenas tirar uns ligeiros accordes do violino!
 
Ao ouvir taes palavras, o rabino deu um estridente grito de susto e pediu encarecidamente ao juiz que não consentisse!
 
—Qual a razão porque não hei de conceder a graça que este homem me pediu, se é a unica alegria que por instantes posso dar-lhe? Tragam-lhe o violino.
 
—Ai, meu Deus!—lamentou o rabino ao querer fugir, mas sem que lhe fosse possivel abrir caminho pela compacta massa de povo que enchia a praça.
 
—Dou-lhe uma peça d'ouro—prometteu elle no auge da aflicção—se me amarrar com força ao pau da forca!
 
N'esse instante, porém, o rapaz{30} deu o primeiro toque no violino. O magistrado, o escrivão, o beleguim, os guardas, emfim tudo o que compunha o corpo da magistratura da terra, os circumstantes, o proprio judeu, tiveram um estremecimento; ao segundo toque, todos ergueram as pernas, o proprio verdugo desceu a escada e collocou-se em pé de dança.
 
O moço então—ao vêl-os n'aquella pouco parlamentar attitude—tocou o mais possivel, e agora os vereis: o povo fazia cabriolas; o juiz e o judeu saltavam como que movidos por molas; rapazinhos, velhos, magros, gordos, tudo dançava; se até os cães se erguiam nas patas de traz e dançavam como todos! O condemnado deu uns accordes mais fortes e n'essa occasião era inexplicavel o movimento: pareciam possessos de algum espirito ruim, batendo com as cabeças umas nas outras, pizando-se, acotovellando-se,{31} atropellando-se. Gemiam com dores, e o magistrado, afflicto, fatigadissimo, pediu:
 
—Não toques mais que eu perdôo-te! Foi o que o moço quiz ouvir, visto que, concordando que o gracejo fôra longo, parou e guardou o violino no bolso, desceu os degraus e veiu postar-se em frente do rabino que, esfalfado, extenuado exhausto, se sentára na rua, respirando a custo.
 
—Agora és tu quem vaes confessar a proveniencia da bolsa que me déste, com peças d'ouro. Não mintas, de contrario pego novamente no violino e tornas a dançar uma farandola!—taes as palavras que o rapaz dirigiu ao judeu, que confessou terrificado:
 
—Roubei-a, roubei-a, tu tiveste jus a ella pela tua honestidade; dei-t'a para que não tocasses mais no violino!
 
Apparecendo o juiz, já um pouco{32} refeito do cançasso, inqueriu do que se havia passado e provando-se á evidencia que tinha havido roubo, mandou enforcar o rabino. 
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