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葡萄牙语故事:O violino maravilhoso-1
日期:2024-04-18 13:02  点击:279
Era uma vez um homem muito rico, mas muito avarento, que tinha como creado um rapaz honesto e activo, como não haverá muitos; todas as manhans o moço se erguia ao romper da alva e só se deitava ao ultimo cantar do gallo.
 
Quando havia algum trabalho mais penoso, ante o qual todos recuavam, o rapaz fazia-o, contente, satisfeito e sem sombra de azedume.
 
Logo que acabou o primeiro anno de permanencia em casa do avarento, que não estipulára soldada, não recebeu um ceitil de paga, pensando{16} de si para si que o moço, não tendo dinheiro, não se tentaria com outra collocacão. O rapaz calou-se e continuou a trabalhar como d'antes; ao cabo de dois annos, o avarento nada deu e o rapaz permaneceu no seu mutismo.
 
Ao fim do terceiro anno, o rico, espicaçado pela consciencia, metteu a mão ao bolso para remunerar o fiel creado, mas, raciocinando, arrependeu-se e tirou a mão vasia. O rapaz exclamou então:
 
—Patrão servi-o tres annos o melhor que me foi possivel; agora quero vêr mundo e por isso peço que me pague as soldadas que me deve.
 
—Tens razão—respondeu o rico avarento—fiquei sempre muito satisfeito com o teu trabalho e a tua boa-vontade, e por isso vou remunerar-te como mereces. Aqui tens tres escudos novos; é um por cada anno que me serviste.
 
O rapaz, que andava sempre alegre{17} e que era d'uma grande simplicidade no que respeitava a dinheiro, julgou ter recebido uma fortuna que lhe permittiria viver vida folgada por largos annos.
 
Disse adeus ao antigo patrão e foi-se embora, atravessando montes e valles, cantando, saltando e alegre que nem um passarinho.
 
Ao acercar-se d'um monte, viu sair um velhinho muito corcovado que lhe gritou:
 
—Olé companheiro, não pareces levar em conta de pesares a tua vida?!
 
—Que ganho eu em me apoquentar?—retorquiu o moço—Tenho na algibeira a soldada de tres annos de trabalho.
 
—E a quanto monta essa fortuna?
 
—A tres escudos novinhos, muito luzidios. Olha, sentel-os trincolejar, quando lhes toco com as mãos?
 
—Ora ouve cá—tornou o gnomo, de bom coração como se vae vêr.{18} Eu estou muito velhinho, e forças para trabalhar já não tenho; tu, que és novo e forte, estás ainda em bom tempo de ganhares a vida.
 
O rapaz, que era de boa indole, apiedou-se do velho gnomo e fez-lhe presente dos tres preciosos escudos que tanto prazer lhe davam.
 
—Como és esmoler—expressou-se então o genio bom em figura de gnomo—dou-te licença para que me peças tres cousas que são a paga dos teus tres escudos.
 
—Então, pois sim!—fez o rapaz incredulamente—Isto que tu queres fazer é só do dominio das phantasias para entreter creanças. Mas, emfim, sempre quero experimentar. Desejo então: uma espingarda que acerte logo no que eu alveje; um violino que tenha a virtude de forçar a bailar todos quantos me oiçam; e, finalmente, que toda e qualquer pessoa me conceda, sem mais a quellas, a graça que eu pedir.
Ilustração da página 22
 
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