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葡语新闻听力 Tradução da Literatura em Português na China
日期:2017-09-28 16:57  点击:462


Uma expedição ao longo de 60 anos

As obras literárias de língua portuguesa entraram na parte continental da China pela primeira vez na década de 50 do século 20. Mas por causa da ausência de tradutores especializados no par português-chinês, todas as obras literárias de língua portuguesa foram traduções realizadas através de uma terceira língua, prioritariamente a língua russa.

No início dos anos 1960, com o fomento dos primeiros cursos de português em Beijing, alguns estudantes desses cursos acabaram por seguir a carreira de tradutores após a formação. As décadas de 1960 e 1970 foram, no entanto, as décadas que registaram o menor número de obras de língua portuguesa traduzidas para o chinês. Foi preciso dar tempo ao tempo para estes talentos se aprimorarem a fim de, um dia, se revelarem na área de tradução português-chinês.

A partir da década de 1980, o domínio das ciências sociais usufruiu de um fluxo favorável de pensamentos inovadores. Esta tendência prosseguiu na década de 1990 e suscitou um apogeu da tradução de obras literárias em português para o chinês, o que se deveu principalmente ao lançamento da coleção Biblioteca Básica de Autores Portugueses, um projeto de 27 obras literárias de português na China, patrocinado pelo Instituto Cultural de Macau e pela Editora Montanha das Flores.

O novo século presencia um desenvolvimento sólido da publicação da tradução de obras literárias de português para chinês. O ano de 2009 foi um ponto de virada fundamental em direção ao auge da prosperidade, graças à reedição e retradução de O Alquimista, de Paulo Coelho.

Estratégia de tradução literária

No caso das traduções literárias de português para chinês, como são feitas diretamente da língua-fonte para a língua-alvo sem interferência de uma terceira língua, podemos ponderar sobre o uso das estratégias de estrangeirização e domesticação, que representam dois caminhos distintos a percorrer na transmissão do sentido do texto original.

Se tomarmos em conta as significativas diferenças entre o português e o chinês em termos lexicais e estruturais, descobrimos logo que o puro uso de uma estratégia só, a opção definitiva de "isto e não aquilo" não funciona nesta atividade literária de tradução português-chinês. Bem conscientes disso, os inteligentes tradutores optaram por seguir um caminho intermediário, uma combinação razoável da abordagem estrangeirizante com a assimiladora, tentando alcançar um equilíbrio entre a fidelidade ao texto original e a recepção do público alvo. Provas disso são as notas do tradutor que facilitaram a compreensão do leitor, as sinfonias estilísticas registradas na tradução com os autores que desenrolavam narrativas de maneira bem única e própria, tomando como exemplo as traduções das obras de José Saramago e Clarice Lispector, bem como as adaptações aceitáveis aos títulos originais na tradução, como no caso de O Filho Eterno adaptado para O Filipe Eterno e o de O Alquimista para Uma Viagem Fantástica do Jovem Pastor.

Regresso bem-sucedido de Paulo Coelho

Ainda no início do novo milênio, várias obras de Paulo Coelho foram traduzidas para chinês. No entanto, as obras desta série literária foram tratadas de forma indiferente, à exceção de O Alquimista e, por consequência, toda a série de Paulo Coelho acabou por cair no esquecimento. No caso de O Alquimista, na versão de 2001, o seu título foi alterado para Uma Viagem Fantástica do Jovem Pastor, uma adaptação do próprio tradutor Sun Cheng'ao. Assim, revestiu o livro de uma alusão ao espírito aventureiro e chegou a remeter os leitores para as literaturas juvenis lidas na adolescência. De fato, esta edição logrou boas vendas e conseguiu uma reedição em 2004, na qual o título em chinês retomou a fidelidade ao texto original e, infelizmente, não repetiu os recordes de venda alcançados em 2001.

Apenas em 2009, o sétimo livro mais vendido do mundo foi relembrado na parte continental da China. Desta vez, retraduzido por Ding Wenlin com o título outrora bem-sucedido de Uma Viagem Fantástica do Jovem Pastor. Para além do título que seguiu o bom exemplo da tradução de Sun Cheng'ao na versão de 2001, a editora despendeu grandes esforços no design e na publicidade. Enfeitada com uma imagem bem simbólica e deixando imenso espaço à imaginação, a capa encadernada da nova versão facilitou a coleção das futuras publicações de Paulo Coelho.

Consequentemente, esta reedição conseguiu grande popularidade em pouco tempo, teve de ser reeditada mais vezes para satisfazer os leitores chineses, e desencadeou uma série de retraduções de obras de Paulo Coelho na China. Os títulos: Veronika Decide Morrer, Na Margem do Rio Piedra Eu Sentei e Chorei, O Demônio e a Srta. Prym e O Diário de um Mago passaram a integrar a coleção Novos Clássicos da editora Nanhai Press Company que aproveitou igualmente para lançar progressivamente várias obras inéditas de Paulo Coelho na China: A Bruxa de Portobello, O Vencedor Está Só, Brida, O Aleph, Manuscrito Encontrado em Accra e O Instante Mágico. Adultério, o título mais recentemente traduzido para chinês por Zhang Jianbo, professor de português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing, será publicado em março de 2016.

Aparição de José Saramago na China

Em fevereiro de 2013, os meios de comunicação portugueses revelaram o lançamento da tradução do romance Ensaio sobre a Lucidez e por esta ocasião, a reedição da tradução existente da obra Ensaio sobre a Cegueira. A tradução de ambos os "Ensaios" foi realizada por Fan Weixin, tradutor indicado do mestre da literatura portuguesa e Prêmio Nobel da Literatura, José Saramago. Porém, até o fim de 2013, as duas obras ainda não tinham sido publicadas. Curiosamente, uma antologia de ensaios do grande escritor português, O Caderno, saiu inesperadamente ainda no final desse mesmo ano, só que traduzido da versão em inglês para o chinês.

Na passagem do ano novo, ao festejarem o Ano Novo do Cavalo, os leitores chineses interessados em José Saramago tiveram mais uma boa novidade para celebrar: finalmente, o lançamento de Ensaio sobre a Lucidez estava previsto para fevereiro de 2014. Quase na mesma altura, a editora Writers Publishing House anunciou a publicação inédita de O Homem Duplicado, traduzida por Huang Qian, jovem tradutora e mestre da Universidade de Beijing.

Por outro lado, ao lançar O Homem Duplicado, a editora Writers Publishing House avançou em um programa empreendedor que consistiu na publicação de mais seis obras de José Saramago, todas inéditas para chinês: Todos os Nomes, A Viagem do Elefante, A Jangada de Pedra, A Caverna, As Intermitências da Morte e O Ano da Morte de Ricardo Reis, entre as quais as primeiras duas foram lançadas respetivamente em outubro de 2014 e maio de 2015. A seguir à publicação de A Viagem do Elefante, o lançamento de uma obra ilustrada intitulada O Silêncio da Água, na tradução de Min Xuefei, professora de português da Universidade de Beijing permitiu um contacto dos leitores pré-escolares chineses com o escritor Prêmio Nobel da Literatura português. Como se fosse uma explosão literária, logo à venda, as obras de José Saramago conseguiram grande popularidade e ocuparam posições de destaque nos portais literários chineses, assinalando um marco importante na tradução de literatura estrangeira e representando uma aparição magnífica deste grande escritor de língua portuguesa na China.

Grande Poencial da Literatura do Continente Africano

Desde que a primeira tradução da obra literária brasileira Terras do Sem-Fim de Jorge Amado foi publicada na China, já se passaram mais de sessenta anos. Para que a literatura da quinta língua mais falada do mundo fosse divulgada neste país, foi necessário um empenho constante de várias gerações de tradutores, que resultaram em cerca de 150 obras traduzidas para chinês, formando uma boa coleção literária de língua portuguesa da China. No entanto, nem o número de obras disponíveis no país, nem o número de tradutores chineses envolvidos correspondem perfeitamente ao desenvolvimento próspero da literatura de língua portuguesa no cenário internacional. Ainda por cima, é uma pena que neste momento apenas uma pequenas parcela de obras literárias africanas em português tenham sido publicadas na China, nomeadamente uma antologia de poesia angolana e três antologias de poesia moçambicanas que remontam à década de 1960, mais um romance O Vendedor de Passados, vertido indiretamente para chinês através da versão em inglês. Visto a ampla divulgação da literatura africana no mundo lusófono, a sua inclusão se constitui uma necessidade - e até certo ponto uma prioridade.

(Sang Dapeng, licenciado pela Universidade de Estudos Estrangeiro de Beijing, é atualmente professor de português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Guangdong. Sendo apreciador das obras literárias em português, dedica-se aos estudos e à tradução da literatura de língua portuguesa.)

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