Um episódio sempre referido é que foi a primeira mulher a usar calças no Banco de Portugal.
Essa é muito referida, mas é a menos importante. Quando cheguei, em 1973, o Banco de Portugal era uma organização vetusta. Eu ia da Gulbenkian, não havia computadores pessoais mas já tínhamos aqueles grandes computadores da IBM. Os técnicos do Banco de Portugal não tinham máquinas de calcular. Se era preciso fazer contas ou se faziam à mão ou, quando era preciso fazer percentagens, chamava-se um contínuo, indicavam-se as contas e mandavam-se para os serviços as fazerem e nos mandarem os resultados. Foi nessa altura que apareceram as calculadoras de bolso e a primeira coisa que fiz foi comprar uma. Depois do 25 de Abril as coisas mudaram. E as empregadas tinham um estatuto completamente diferente e abaixo dos colegas homens. Os salários não eram iguais, porque as categorias profissionais eram diversas. Havia um quadro para as mulheres e outro para os homens. E as mulheres usavam batas. Por isso é que há a tal história das calças.