O nome de Qandeel Baloch era controverso no Paquistão, onde era considerada uma espécie de Kim Kardashian muito popular nas redes sociais, mas com um discurso politizado e feminista. Há dias, o irmão de Qandeel matou-a e garantiu estar “orgulhoso” do que fez – ela tornara-se uma ameaça para a ordem tradicional do país. É um dos 212 homicídios de “honra” ocorridos no Paquistão desde o início do ano.
À primeira vista, Fouzia Azeem não parecia qualificar-se como uma ameaça para ninguém: nascida numa família pobre da classe trabalhadora paquistanesa da pequena cidade de Multan, no meio de doze irmãos, estava destinada como tantas outras meninas a um casamento por conveniência precoce. Aos 17 anos casou com quem a família determinou e a sua história podia ter acabado por aqui: Fouzia podia ter-se limitado ao seu papel de mãe e dona de casa e vivido uma vida que não queria.